Solos orgânicos e turfas, geralmente, impõe características de mole a ultramole, formando depósitos superficiais subconsolidados em áreas onde a água cobre o terreno ou a região, podendo ficar presente próximo à superfície na maior parte do tempo. Na medida em que deseja-se construir, particularmente, rodovias, dever-se-á analisar sua abrangência e particularidades, em um programa detalhado de reconhecimento de campo, de modo a não ocasionar recalques diferenciais, quando da utilização de uma mesma modalidade de melhoramento de solo. Sondagens triviais como SPT, CPTU e palheta não conseguem detalhar camadas de solos orgânicos e turfosos, principalmente, turfas fibrosas, já que possuem grande variedade comportamental, função de sua natureza errática. Na realidade, há diferentes opiniões com relação aos métodos de investigação, ficando evidente que qualquer discussão sobre obras de aterros sobre depósitos de turfas inclui, necessariamente, definição do solo de fundação, diferenciando-se a presença de turfas, solos orgânicos turfosos, solos orgânicos e solos com teor orgânico.
Suas propriedades geotécnicas variam enormemente, podendo ser o diferencial para a ocorrência de rupturas no solo. No final das contas, o custo desta exploração, detalhada, costuma ser positivo, o que exige experiência do projetista. Frequentemente, são realizados serviços de geoenrijecimento de solo, com CPR Grouting, em trechos localizados de rodovias e particularmente em encontros de pontes, motivado por bolsões localizados de solos orgânicos e turfas, promovendo um poderoso processo de compressão, seguido de consolidação e total confinamento. Tecnicamente, qualquer solo que contenha carbono é chamado de “orgânico”. Solos orgânicos, portanto, contém quantidade significativa de material orgânico, cuja fração coloidal ativa é o húmus. Identificar este “solo” é extretamente importante para o contexto de uma obra, pois caracteriza-se por ser pouco resistente e bem mais compressível do que os solos inorgânicos (minerais), razão pela qual, tradicionalmente, evita-se estes terrenos. Na realidade, com o advento do geoenrijecimento de solos argilosos moles e orgânicos, como o CPR Grouting, não há mais qualquer dificuldade executiva com estes solos, conforme explicado nos capítulos seguintes deste livro.
O termo turfa refere-se a solos altamente orgânicos provenientes, primariamente, de vegetação, caracterizando-se por formar depósitos não consolidados, tendo alto teor de colóides (húmus) não cristalinos. Sua cor é variável, podendo variar do marrom escuro até o preto, tendo consistência esponjosa e forte odor orgânico. Sua composição fibrosa, ou o que restou das plantas, às vezes, é perfeitamente visível à olho nú, no entanto, em estágios avançados de decomposição não ficam evidências. Em regiões próximas ao mar, depósitos de turfas e solos orgânicos, costumam ser superficiais, aprofundando-se na medida em que interioriza. A presença da água é fundamental para a decomposição e sua preservação. Neste contexto, torna-se importante o equilíbrio entre chuvas e a evapotranspiração, assim como a topografia local, pois regula as características hidrogeológicas dos depósitos destes materiais. De um modo geral, solos orgânicos e turfas apresentam características que os distinguem da maioria dos solos minerais, exigindo todo um cuidado em sua análise, tendo em vista a construção a ser realizada. Alguns dos cuidados a serem tomados são:
- Seu alto teor de umidade presente (acima de 1.500%).
- A alta compressibilidade, incluindo-se significativa compressão secundária e terciária.
- Baixa resistência cisalhante.
- Variabilidade espacial alta.
- Propensão à decomposição favorecida pelo ambiente.
- Alta permeabilidade comparada à argila.
Fonte: http://softsoilgroup.com.br/
Autor: Thomas Kim é engenheiro civil e trabalha com melhoramento de solos moles.
Clique aqui para acessar a publicação completa.